POR UMA INFÂNCIA DA ESCRITA E DA LEITURA
DOI:
https://doi.org/10.47249/rba.2020.v.433Resumo
Em diálogo com as artes literária e cinematográfica, este artigo aposta na infância da leitura e da es- crita como “germe de vida” para a invenção de si e de mundo. A infância, não como uma etapa de um ciclo de vida, mas como “condição de experiência”, como (des)limite da/na linguagem que, com sua força, desestabiliza práticas sociais, inclusive práticas escolares de escrita e leitura. Assim, trata- mos da produção de um corpo leitor-escritor como experiência primordial que abrange uma cognição encarnada e um tempo de ressonâncias que não é o tempo cronológico dos relógios, do capital, e do desenvolvimento. Vivemos um tempo acelerado e, quando refletimos sobre as práticas de escrita e leitura escolares, tal aceleração, vinculada à necessidade de produtividade, dispersa a atenção sobre como se escreve e como se lê. Diante disto, nos perguntamos: o que pode a escola no que diz respeito à constituição desse corpo leitor-escritor? Apostamos que ela pode muito, pois esta mesma escola é um dos poucos lugares em que, mesmo atravessado pela disciplinarização dos corpos e aceleração da vida, seja possível uma certa suspensão do tempo e do espaço mercadológicos.
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Aceito em 2020-07-27
Publicado em 2020-07-27