ALFABETIZAÇÃO NA PERSPETIVA DE PAULO FREIRE
DOI :
https://doi.org/10.47249/rba.2017.v1.198Résumé
Vi, há tempos, um filme de Martin Ritt, com Jane Fonda e Robert De Niro, que se desenvolvia a partir de uma tensa e constrangida história de vida de um empregado de um restaurante, que era analfabeto. Ele vivia numa situação difícil e embaraçosa, pois que lutava, simultaneamente, com problemas decorrentes, por um lado, de ser analfabeto num contexto atual de classe média urbana dos EUA em que o considerado normal é ser alfabetizado – e, por outro, com a enorme necessidade que sentia de esconder essa condição, pela vergonha que, para ele, significava. Trata-se de uma história inteligente, muito bem contada, com excelentes atores, uma história que consegue, simultaneamente, ser intensa, mesmo dramática, mas também, por vezes, bem-humorada. Em mim teve sobretudo o importante efeito de me alertar para a existência de outros problemas – de que não tinha tido, até aí, grande consciência – que o analfabetismo também acarreta para alguém que se movimenta numa sociedade, toda ela construída a partir da informação escrita. O nome das ruas, os avisos, os anúncios, os comunicados de toda a ordem, tudo está eficientemente feito, partindo, “evidentemente”, do princípio que todos podem ter acesso a essas informações. Daí a dificuldade e a vergonha de quem, “inacreditavelmente”, não é capaz de aceder e utilizar aquela informação, sentindo-se, portanto, diferente e inferiorMétriques
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Accepté en 2017-11-29
Publié dans 2017-11-29