PRÁTICAS DE NUMERAMENTO COMO PRÁTICAS DISCURSIVAS
DESDOBRAMENTOS DOS ESTUDOS DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
DOI:
https://doi.org/10.47249/rba2023765Palavras-chave:
Conceito de Letramento. Apropriação de práticas de numeramento. Práticas matemáticas como práticas discursivas. Constituição de sujeitos sociais. Magda Soares.Resumo
Este texto tem como objetivo discutir como os estudos que operam com o conceito de numeramento no Brasil se assumem como desdobramentos da perspectiva analítica e pedagógica que Magda Soares confere ao conceito de letramento. Esses estudos focalizam pessoas pouco ou não-escolarizadas ou grupos sociais de inserção recente no projeto educacional brasileiro apropriando-se de práticas discursivas da matemática hegemônica e, nessa apropriação, demarcando seu estranhamento com conhecimentos e ritos escolares. Destacam-se na base teórica dos estudos, nas opções metodológicas, nos caminhos analíticos e nas indicações para as práticas pedagógicas, as contribuições das elaborações conceituais e das propostas didáticas de Magda e a marca de seu compromisso político com a democratização e a qualidade da Educação. Refletindo também as contribuições metodológicas da pesquisadora Magda Soares, a discussão aqui proposta é confrontada com três eventos de numeramento, em que mulheres idosas alfabetizandas na EJA, uma criança num contexto não escolar e professores indígenas em formação, protagonizando práticas matemáticas, apropriam-se de práticas de letramento.
Métricas
Referências
ADELINO, P. R. Práticas de numeramento nos livros didáticos de Matemática voltados para a Educação de Jovens e Adultos. 2009. 134f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
ADELINO, P. R. Jovens do Ensino Médio Técnico: um olhar a partir das aulas de matemática. 2018. 174f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
BATISTA, A. A. G et. al. Determinantes de intensidade e diversidade de práticas de leitura. In: RIBEIRO, V. M. (Org). Alfabetismo e letramento no Brasil: 10 anos do INAF. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.
BEN-ZVI, D.; GARFIELD, J. The challenge of developing statistical literacy, reasoning, and thinking. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 2004.
BRITO, R. P. S. Apropriação das práticas de numeramento em um contexto de formação de educadores indígenas. 2012. 268f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
BRITO, R. P. S. “É o que eles estão querendo pesquisar, estão querendo mostrar”: apropriação de práticas de numeramento da Educação Estatística por estudantes indígenas do Curso de Formação Intercultural para Educadores Indígenas da UFMG. 2019. 539f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
CABRAL, V. R. S. Relações entre conhecimento matemáticos escolares e conhecimentos do cotidiano forjadas na constituição de práticas de numeramento na sala de aula da EJA. 2007. 168f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
CABRAL, V. R. S. Nada é cem por cento?: usos de conhecimentos matemáticos como táticas retóricas nas práticas discursivas de adolescentes atendidos pelo Centro de Referência de Assistência Social. 2015. 219f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
CAMPETTI, P. H. M.; DORNELES, B. V. Uma Revisão Integrativa e Exploratória da Literatura para os Termos Numeralização, Numeramento e Numeracia. Bolema, Rio Claro (SP), v. 36, n. 72, p. 308-331, abr. 2022.
CARVALHO, G. C. Papéis do contexto das questões de Matemática do ENEM: práticas de numeramento envolvidas na discussão com docentes em formação. 2014. 202 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação.
CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: as artes do fazer. Petrópolis: Vozes, 1998.
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Ethnomathematics and its Place in the History and Pedagogy of Mathematics. In: POWELL, A. B.; FRANKENSTEIN, M. (Org.). Ethnomathematics: Challenging, Eurocentrism in Mathematics Education. Albany: State University of New York. p. 13-24. 1997.
FARIA, I. P. I. “Então a gente é o cartógrafo”: práticas de numeramento e territórios vividos por estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental, no bairro Santa Helena, em Governador Valadares, MG. 2023. 142f. Dissertação (Mestrado em Gestão Integrada do Território) – Universidade Vale do Rio Doce, Governador Valadares.
FARIA, J. B. Relações entre práticas de numeramento mobilizadas e em constituição nas interações entre os sujeitos da educação de jovens e adultos. 2007. 335f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação da UFMG, Belo Horizonte.
FELÍCIO DE JESUS, G. “Tem outro jeito de fazer, moço!”: apropriação de práticas de numeramento escolares por estudantes de licenciatura em matemática da UNEB – Caetité. 2021. 414f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
FERREIRA, A. R. Práticas de numeramento, conhecimentos cotidianos e escolares em uma turma de ensino médio da Educação de pessoas jovens e adultas. 2009. 159f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
FONSECA, M. C. F. R. (Org.). Letramento no Brasil: habilidades matemáticas: reflexões a partir do INAF 2002. São Paulo: Global; Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação; Instituto Paulo Montenegro, 2004.
FONSECA, M. C. F. R. Conceito(s) de numeramento e relações com o letramento. In: LOPES, C. E.; NACARATO, A. D. Educação Matemática, leitura e escrita: armadilhas, utopias e realidade. Campinas: Mercado das Letras, 2009.
FONSECA, M. C. F. R. Numeramento: usos de um termo na configuração de demandas e perspectivas da pesquisa em educação matemática de pessoas jovens e adultas. In: D’AMBROSIO, B. S; LOPES, C. E. Vertentes da subversão na produção científica em educação matemática. Campinas: Mercado das Letras, 2015.
FONSECA, M. C. F. R. Práticas de Numeramento na EJA. In: CATELLI JR., R. (Org.). Formação e Práticas na Educação de Jovens e Adultos. São Paulo: Ação Educativa, 2017a, p. 105-115.
FONSECA, M. C. F. R. Alfabetização, letramento e numeramento: conceitos para compreender a apropriação das culturas do escrito In: A alfabetização como processo discursivo: 30 anos de A criança na fase inicia da escrita. São Paulo: Cortez, 2017b, v.1, p. 165-177.
FREIRE, P. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. Cortez: Autores Associados, 1982.
GALVÃO, A. M. O. Cultura escrita. Glossário CEALE: termos de alfabetização, leitura e escrita para educadores. s.d. Disponível em: https://www.ceale.fae.ufmg.br/glossarioceale/verbetes/cultura-escrita. Acesso em: 25 jul. 2023.
GROSSI, F. C. D. P. “Mas eles tinha que pôr tudo aí, ó! Isso tá errado, uai... Seis... Eu vou mandar uma carta prá lá, que ele não tá falando direito, não!”: mulheres em processo de envelhecimento, alfabetizandas na EJA, apropriando-se de práticas de numeramento escolares. 2021. 304f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
KNIJNIK, G.; WANDERER, F.; GIONGO, I. M.; DUARTE, C. G. Etnomatemática em movimento. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.
KNIJNIK, G.; FONSECA, M. C. F. R. Insubordinate analysis and creative dialogues: productivity and commitments of research. In: D’AMBRÓSIO, B.; LOPES, C. E. Creative Insubordination in Brazilian Mathematics Education Research. 1. ed. Raleigh, NC: Lulu Press, 2015. v. 1, p. 119-131.
KUKUTAI, T.; TAYLOR, J. Postcolonial profiling of indigenous populations: limitations and responses in Australia and New Zealand. Espace populations sociétés. 2012. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/271301457_Postcolonial_Profiling_of_Indigenous_Populations_Limitations_and_Responses_in_Australia_and_New_Zealand. Acesso: 4 nov. 2019.
LIMA, C. L. F. Estudantes da EJA e materiais didáticos no ensino de matemática. 2012. 139f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
LIMA, P. C. Constituição de práticas de numeramento em eventos de tratamento da informação na educação de jovens e adultos. 2007. 114f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
LIMA, R.M.P. “O MEU É MAIS GRANDE”: Rotinas lúdicas de comparação nas culturas da infância e apropriação de práticas de numeramento por crianças de 3 e 4 anos em uma Escola Municipal de Educação Infantil. 2020. 163f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação.
MENDONÇA, A. A. N. “Fechando pra conta bater”: a indigenização dos projetos sociais Xakriabá. 2014. 183f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
MIRANDA, P. R. O PROEJA vai fazer falta?: uma análise de diferentes projetos educativos a partir dos discursos de estudantes nas aulas de Matemática. 2015. 267f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
NOVAES, E. C. Eu tudo visual: Libras como demarcador territorial em práticas de numeramento de jovens e adultos surdos de uma Associação de Surdos. 2020. 141f. Dissertação (Mestrado em Gestão Integrada do Território) – Universidade Vale do Rio Doce, Governador Valadares.
PINHEIRO, R. C. “SURD@ ASSIM SURD@ ASSIM CULTURA ASSIM” “TOD@ ALUN@ ASSIM”: pessoas jovens e adultas surdas bilíngues apropriando-se de práticas de numeramento em um curso de educação financeira. 2023. 230f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
ROCKWELL, E. La apropriación, un proceso entre muchos que ocurren en ámbitos escolares. Memoria, conocimiento y utopía. Anuario de La Sociedad Mexican de Historia de la Educación, n. 1, p. 28-38, 2005.
SÁ, J. R. Licenciatura em Educação do Campo: propostas em disputa na perspectiva de estudantes do Curso de Matemática da UFMG. 2016. 129f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
SCHNEIDER, S. M. Esse é o meu lugar... esse não é o meu lugar: relações geracionais e práticas de numeramento na escola de EJA. 2010. 211f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
SILVA, V. L. Práticas de numeramento e táticas de resistência de estudantes camponeses de EJA, trabalhadores na indústria de confecção. 2013. 223 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação, Belo Horizonte.
SIMÕES, F. M. Apropriação de práticas de letramento (e de numeramento) escolares por estudantes da EJA. 2010. 190f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
SIMÕES, F. M. “Já li. Reli, reli, reli, reli de novo”: apropriação de práticas de leitura e de escrita de textos matemáticos por estudantes da Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EJA). 2019. 172f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
SOARES, M. B. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1986.
SOARES, M. B. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
SOARES, M. B. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação. [online]. n. 25, p. 5-17, 2004. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782004000100002. Acesso em: 25 jul. 2023.
SOARES, M. B. Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever. São Pulo: Contexto, 2020.
SOUZA, M. C. R. F. Gênero e Matemática(s): jogos de verdade nas práticas de numeramento de alunas e alunos da educação de pessoas jovens e adultas. 2008. 317p. Tese (Doutorado em Educação), Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
STREET, B. Literacy in theory and practices. Cambridge: University Press, 1984.
STREET, B. Cross-Cultural Approaches to Literacy. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.
STREET, B. Letramentos sociais: abordagens críticas no desenvolvimento na etnografia e na educação. Trad.: Marcos Bagno. São Paulo, SP: Parábola Editorial, 2014.
VANEGAS-GARCIA, D. M. “Bueno niños. Vamos a ahorrar¡ Vamos a hacer que la vida sea color de rosa!”: profesoras y profesores de básica primaria de colombia apropiandose de prácticas de numeramiento de la educación económica y financiera. 2023. 347f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais.
VASCONCELOS, K. P. Um estudo sobre práticas de numeramento na educação do campo: tensões entre os universos do campo e da cidade na educação de jovens e adultos. 2011. 126f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
YASUKAWA, K.; ROGERS, A.; JACKSON, K.; STREET, B. Numeracy as social practice: Global and local perspectives. New York, NY: Routledge, 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Aceito em 2023-09-06
Publicado em 2023-09-07